Se nada disso der certo, vamos todos virar hippies.
A vida é mesmo assim, vivemos muito tempo de nossas vidas no anonimato, poucos se conhecem, poucos querem se conhecer. Pensamos ser ímpares, mas a vida maldosamente nos ensina que precisamos ser pares. É muito interessante como pessoas estranhas gostam de puxar papo comigo nos pontos de ônibus, escuto cada coisa. Já ouvi desde críticas a música “Créu”- como instigador da sexualidade infantil, a idosos falando dos seus bons tempos ou me contando um “causo”, alguém elogiando um vira latas horroroso e tentando me convencer que um dia ele esteve pior, até um maníaco-depressivo que se dizia perseguido pelo Aécio Neves, e que eu poderia levar uma bala perdida só por estar do lado dele. Como dizem meus amigos, eu atraio gente louca! Mas eu imagino que essas pessoas impares, só queiram uma pessoa pra ouvir o que eles tem a falar, mesmo que seja estapafúrdio. Não me custa nada...
Já me peguei várias vezes pensando sobre isso e sobre as muitas coisas que me trouxeram até aqui, coisas boas e ruins. Todo mundo tem uma história pessoal. Com alguns dos meus erros, aprendi e cresci, com outros não aprendi nada e continuo errando. Acho que isso é amadurecer! Confesso que não fui feliz o tempo todo, mas isso não me tornou uma pessoa infeliz.
Muito do que faço hoje é correr atrás do tempo perdido. Perdido?! Na verdade, não acredito em tempo perdido, acredito em tempo aproveitado de forma diferente. A partir disso, mudei minhas diretrizes, estou me adaptando, me redescobrindo. Mudanças no meu estilo de vida foram fundamentais, perder e ganhar mais um pouco, abrir mão por um objetivo maior. A vida é uma tentativa constante de se encontrar paz de espírito, e como já foi dito dentro de sala, viver é muito difícil... Se pudéssemos saber o que nos aguarda o futuro, faríamos uma menor quantidade de escolhas, seria muito mais fácil sermos apenas nós mesmos.
Eu enquanto mulher tenho que me preocupar com tanta coisa... Ser boa mãe, boa aluna, estar em forma, bem cuidada, depilada, unhas feitas, escovada, maquiada, bem vestida, perfumada, com os acessórios certos, com algum adereço da moda, prestar conta das minhas contas, trabalhar fora, arrumar a casa, assistir ao noticiário, ler muitos textos, digitar meus trabalhos, estar sempre bem informada, ligar para os meus amigos, ligar para minha irmã para saber como ela está, ir ao ginecologista, ao dentista, ao dermatologista, não sair à rua sem o protetor solar ou dormir sem o anti-sinais, buscar algum documento em algum lugar, programar um passeio para o final de semana com as crianças, discutir com o ex-marido, ligar para os meninos para saber se fizeram todos os deveres, lembrar do aniversário de todo mundo, comprar presentes, visitar a mãe das minhas amigas, dar atenção para o meu pai, escutar as reclamações da minha mãe sobre o meu irmão e comprar filmes para o final de semana, mas não assisti-los por absoluta falta de tempo.
E apesar deste turbilhão chamado dia à dia e de tantas cobranças, minhas e da sociedade, quando posso me deleitar com brincadeiras numa roda de bar, bebendo uma cerveja estupidamente gelada, na companhia dos melhores amigos, eu sempre digo: Se nada disso der certo, vamos todos virar hippies!!!.
ADRIANA RENATA DA COSTA - ABRIL/2008
quinta-feira, 3 de abril de 2008
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